Dedicatória
Prefácio
Intróito
A Virtude
O Amor
O Casamento E A Família
Trovas De Pero Botelho
Dísticos I A VIII
Dísticos IX A XVI
Dísticos XVII A XXIII
Graça Imortal
A Sabedoria Das Nações I A V
A Sabedoria Das Nações VI A XI
A Esmo
A João António dos Santos Silva
Permitiu que lhe desse tantos beijos
Quantos eram os anos que ela tinha.
Cheguei ao fim da conta... com desejos
De que fosse uma velhinha.
Cortês, gentil, reverente,
Um poeta beijou-te a mão.
Ficaste a impar de contente
Porque a coisa pareceu
Um sinal de distinção.
Eis aqui a explicação
Que o versejador me deu:
«Se a mão dela aos lábios chego,
Chego aos olhos os anéis.
Ai filho! Postos no prego,
Davam um conto de réis!»
Para te ouvir falar no precedente
Ao teu décimo quinto bem-amado,
Dava um dente
De bom grado.
(Doía-me. Arrancaram-mo há bocado...)
- Que palreira! Que jovial!...
- «Estranha ver-me animada
Em dia de Carnaval?!...»
- Acho-a triste. Acho-a mudada!
- «É o tempo santo o de agora...»
(Quando o seu calendário não diz nada
Que aspecto mostrará esta senhora?...)
Dizes que sou um doido, um impulsivo;
Sê-lo-ei às vezes, mas em outras não.
Amei-te, é certo, sem nenhum motivo;
Mas quando te deixei - tive razão...
Amou-a com religioso amor
Que é raro de encontrar-se nesta data.
E ela dizia a rir: que maçador!
E ele dizia a soluçar: que ingrata!
Teve episódio um segundo acto.
O amargurante fel mudou de taça.
E ela, por entre lágrimas: que ingrato!
E ele, por entre dentes: que carraça!
A Albino Forjaz de Sampaio
Só raros haverá que se não doam;
Os restantes, porém, todos se queixam.
As bonitas atraiçoam
E as feias não nos deixam...
Neste dilema terrivel
Fica um homem sem saber
Qual dos termos é preferivel,
Por que lado há-de escolher...
Eu direi alto e bom som,
Como descrente do amor:
O primeiro não é bom,
- Mas o segundo é pior...