Dedicatória
Prefácio
Intróito
A Virtude
O Amor
O Casamento E A Família
Trovas De Pero Botelho
Dísticos I A VIII
Dísticos IX A XVI
Dísticos XVII A XXIII
Graça Imortal
A Sabedoria Das Nações I A V
A Sabedoria Das Nações VI A XI
A Esmo
Ao Américo Negrellos
Viu-te o Diabo à lua cheia
E esbraseou-se-lhe o peito.
Partiu o chifre direito
E com ele sobre a areia,
Em letra gorda, excelente,
E estro audaz, imprevisto,
desatou a escrever isto
Desbragadissimamente:
Vinde a ela, ó epiréticos,
Vinde a ela, ó almas áridas!
Porque os seus olhos magnéticos
São um casal de cantáridas.
Com suas miradas ternas
Os estragos que ela faz...
E sou eu quem tenta as almas,
Eu é que sou Satanás!
Com teus olhos libertinos
As mudanças que tu fazes!
Tornas os velhos, meninos,
E envelheces os rapazes...
Numa noite ansiada e louca,
A um sinal que tens, ouvi
Segredar a certa boca:
- Demora-te mais aqui...
Ofélia de olhar cinzento
E de alma a escorrer saudades,
Olha, vai para um convento...
Para um convento de frades.
És linda e isso lhe basta.
Antes te quer assim, louca.
Não que eles, se fosses casta
- Fazia cruzes na boca.
Do teu amor, diz a fama
Que sempre a lembrança fica
(Com alguns meses de cama
E despesas de botica...)
O teu colo, mal que o vi,
Deixou-me os olhos em chama.
Não haverá por aí
Nada de algodão em rama?...
Juntinhos, peito com peito.
Destes um tal tropeção
Que, se não fosse o teu leito,
Caíeis ambos no chão...
Quando àquele ulmeiro vamos
Nem vês folhas, nem vês céu.
O céu escondem-no os ramos,
Os ramos escondo-os eu.
Na noite em que te casaste
Não dormi com a aflição.
Tu também não descansaste
- Mas foi por outra razão.
Não há taça que te ganhe
À boca rubra e louçã
Para se beber champanhe
Às três horas da manhã.